quarta-feira, 31 de março de 2010

Empty

Mãos dadas em um círculo. Cabeças baixas, olhos fechados, mas lágrimas à vista. Até mesmo no Sr. Insensível, uma cara de dor. Alguns murmuram a oração, outros falam, outros quase gritam, outros, mesmo que não a conheçam, tentam enrolar alguma coisa. Algo que mande forças. Algo que tenha força. Porque aquela que todos acreditam que nunca vão chegar perto, chegou. Aquela que a gente vê na tv, nos jornais e agradece porque nunca vai conhecer a gente, passou bem perto. Aquela que todos vamos encarar um dia e, apesar de todo mundo sabem, fingem surpresa quando contam. A velha morte. Passou perto e levou um pai que andava por aí em sua moto. Não o meu pai, nem o pai do meu melhor amigo, mas o pai daquela menina da sala, aquela que eu mal conheço. Levou ontem, mas choramos hoje. Ela não foi à escola, mas a sala se levantou. Demos as mãos. Rezamos, acreditando ou não na oração que falávamos com tanta força. Força. Porque é isso que a garota está precisando e é isso a única coisa que podemos lhe oferecer. O aniversário dela é hoje, seu pai morreu ontem. Força é a palavra que vai guiá-la agora. E eu chorei. Os motivos são inúmeros ou até mesmo nenhum e confesso que não sabia o que pensar enquanto eu murmurava a oração. Mas tentei lhe enviar forças, um pouco que seja. Porque imaginei como seria se fosse comigo e resolvi que a mínima força já seria um pouco de luz. É bem verdade que quando o tempo passou, apesar de tudo ainda martelar na cabeça de todos, continuaram a sorrir, brincar, viver. E não da para ser diferente. Porque, por mais cruel que possa parecer, não foi com a gente. Não ainda. Só passou perto...

Bem perto.

sábado, 27 de março de 2010

Shh

"Olho para trás e vejo: Que futuro mais promissor!
E então penso no presente.

O que aconteceu com o passado, afinal?
Num jornal velho,
a revolução grita.
Na primeira capa da revista,
pessoas que só se calam.
E num fone de ouvido,
aquele rock antigo.
Tocando revoluções e indignações.
Mas quanto mais aprumo a audição,
mais não ouço nada.
No papel envelhecido,
poemas profundos.
Críticas diretas.
Mas até as palavras parecem ter sumido.
E o mundo de revolução caído.


Desde quando o povo se cala?"



(Lady Murder)



E é isso que venho me perguntando. Onde estão os Renatos Russos de hoje? E os Cazuzas? Cadê a boa música carregada de informação? E a MPB? Pop Rock?... Cadê o rock brasileiro? Porque, até agora, só escuto homens falando de como não queriam perder a namorada. Isso para mim é dor de cotovelo, não rock. Cadê a revolução correndo pelas veias?
 
A ditadura acabou, qualquer um diria. Mas eu lhes digo que nem por isso a injustiça sumiu. Só mudou de nome. E cadê as multidões indignadas? Só escuto sussurros roucos pelos cantos, ecos de um passado de um povo que lutava. E eu nem vejo mais nada. E ninguém liga mais para nada.
 
Quando toca Legião, a galera levanta. Canta. Grita. E, por aquele segundo, parece que todos voltaram a ser bravos. Mas a música acaba e ninguém continua. E aí a música vai ficando velha, naquele passado, naquele momento. E ninguém mais percebe o quanto ainda é parecido com agora. Ninguém parecer querer falar nada. Só escutam e se calam.
 
Desde quando é assim?
 
Capital Inicial, Biquíni Cavadão, Titãs... nem todas as grandes bandas morreram. Mas as pessoas parecem achar que são só um bando de velhos que gostam de relembrar os tempos de revolta. Só não percebem que eles ainda tentam gritar o que acontece por aí. Mas ninguém quer mais ouvir... E o rap, que tenta fazer o que o rock não está conseguindo, é chamado de sujo. E o recriminam por querer se fazer ouvir. Mas ninguém quer mais ouvir...
 
E o povo se cala. E um novo presidente é eleito. E o sussurros continuam. Mas o grito... que grito?
 
Que grito?

sexta-feira, 26 de março de 2010

É, pois é...

O antigo blog me passou a perna e resolveu parar de funcionar. Mas quer saber? Eu esqueço o quanto isso me lembra de como sou azarada e penso que é um sinal de recomeço.
Para quem quiser aqui estão as antigas postagens. Só para eu me lembrar e, sei lá, daqui um tempo talvez pensar que mudei.

O fato é: i'm back.